
Posso estar sendo repetitivo no assunto, mas quando algo repercute mundialmente, principalmente em revistas ou telejornais conceituados, é porque realmente a coisa está feia.
Semana passada estive lendo a Revista Veja e me deparei com uma matéria que prolonga o último texto que fiz, no qual o título é ‘Será o fim do Jornalismo?’.
A matéria é do jornalista André Petry, correspondente da revista nos Estado Unidos e conta como um império como o “The New York Times” pode ser vendido ou simplesmente deixar de existir.
O jornal mais conhecido do mundo, e considerado a bíblia da imprensa americana, passa por problemas financeiros, seriíssimos. Claro, um deles é o recesso global que afeta o mundo, mas o outro é o avanço da Internet, aquele no qual tenho tocado no assunto quase que o semestre inteiro.
O título da matéria é: INFERNO NA TORRE DO TIMES.
A Linha fina: Bíblia do jornalismo americano, o New York Times está sufocado por dívidas, pela recessão e pela internet – e, se falir, poderá marcar o começo de uma era perturbadora na qual os jornais seriam irrelevantes
Segundo a Veja “Pelo mundo afora, os jornais sentem a agulhada de uma conjunção de fatores especialmente desfavoráveis: a recessão mundial, que reduz os gastos com publicidade, e o avanço da internet, que suga anúncios, sobretudo os pequenos e rentáveis classificados, e também serve como fonte – em geral, gratuita – de informações. Na Inglaterra, para sobreviver, os jornais querem leis menos severas para fusão e aquisição de empresas. Na França, o governo duplicou a verba de publicidade e dá isenção tributária a investimentos dos jornais na internet. Mas em nenhum outro lugar a tormenta é tão assustadora quanto nos Estados Unidos. A recessão atropelou os dois maiores anunciantes – o mercado imobiliário e a indústria automobilística –, e a evolução da tecnologia, com seu impacto sísmico na disseminação da informação, se dá numa velocidade alucinante no país. (Agora mesmo, o Twitter, misto de microblog com site de relacionamento criado em São Francisco, passou a ser usado por celebridades, e explodiu: captura 8 300 novos adeptos por hora.) O binômio recessão-internet está produzindo uma devastação.”
Está claro que rapidamente o mundo estará tomado por aquilo que é chamado de ‘Informação virtual’, mas que ainda assim, acredito que teremos uma agilidade maior na informação, porém, redução brusca na qualidade dela.
Dificilmente os jornais que aderirem ao modo virtual – como está acontecendo com quase todos os jornais, em específico nos Estados Unidos – terão toatais condições de manter seus repórteres em outros países, cobrindo eventos, acontecimentos, enfim. O custo é alto e só publicidade não pode dar conta. A não ser que, os sites passam a ser pagos, mas aí entraremos num outro processo de discussão.
O mais interessante dessa matéria é que o diretor de redação do Times diz no final da matéria, produzida pela equipe de Veja, algo que eu citei no meu primeiro texto. Não somente cairá a qualidade das matérias, algumas, muito competentes até manterão seu padrão de excelência, mas sim a falta de interesse das pessoas em obter notícias.
“O Times está se contorcendo para manter o padrão do seu trabalho. ‘Já cortamos na cobertura nos arredores de Nova York’, diz Bill Keller, o diretor do jornal. ‘Mas o grosso da nossa cobertura, que é a reportagem no exterior, em Washington, em economia, na cultura, isso não foi afetado. A empresa trabalha para preservar o jornalismo.’ Quem acha que a internet é o nirvana da democratização da informação precisa lembrar que o Google tem seu quase monopólio – e divulga notícias de ‘25 000 fontes’ sem pagar um tostão por elas. E quem acha que a internet, por sua natureza virtual, dissemina mais informação e eleva a cultura das massas precisa ir devagar. O site do Times, com seus 20 milhões de usuários, é o maior site de jornal do mundo. Mas, em média, seus visitantes ficam no site 35 minutos – por mês. Ou 1,10 minuto por dia. Não dá tempo de ler nem um gibi. É como se os internautas passassem numa banca, dessem uma olhada nos títulos expostos e fossem embora. Sem ler nada. É perturbador.”
Não sei. Pode apenas ser uma nuvem negra que assusta o mundo jornalístico. Quem sabe até um medo em vão que temos. Talvez. Torço para que seja isso. Mas se o The New York Times está assustado, quem poderia estar calmo?
Imagem: Revista Veja / Edição 2110 29 de Abril de 2009
☼☼ Oi Fernando, tudo bem?
ResponderExcluiro maior problema na crise do império jornalístico é tentar imaginar quem poderá financiar uma "ajuda" ao The Times para que ele não quebre. Sabemos que a imprensa (apesar de demonstrar o contrário), nunca foi tão imparcial como deveria, será que essa imprensa que estamos acostumados não tende a defender cada vez mais outros interesses??
O que resta para nós, jovens jornalistas ou produtores de audiovisual é nos amparar nas novas mídias... o twitter por exemplo, é uma ferramenta tão maravilhosa, mas é usada de maneira tão desnecessária....
Reflitamos todos.... abç ☼☼
Olá Jacques,
ResponderExcluirConcordo com você quando diz: "Sabemos que a imprensa (apesar de demonstrar o contrário), nunca foi tão imparcial como deveria, será que essa imprensa que estamos acostumados não tende a defender cada vez mais outros interesses??" /./ "o twitter por exemplo, é uma ferramenta tão maravilhosa, mas é usada de maneira tão desnecessária...."
Sem dúvida que há novos interesses, pode ter certeza.
Sobre o Twitter, lamentavelmente vejo que, enquanto procuro usar a ferramenta para me atualizar com as novas notícias, pessoas brincam de marcar encontros, trocar receitas, vasculhar as vidas alheias, enfim. Brincam como se fosse um novo Orkut.
Isso é que tenho medo que possa virar o mundo da notícia on line. Creio que pouca gente vai assimilar informação à internet.
Obrigado por comentar.
Bjs
Fernando Richter.
Creio que a lógica do capital não está preocupada com a qualidade da informação. Nem tampouco os leitores também, já que não reclamam de nada.
ResponderExcluirHá uma visão romântica que marca a discussão aqui neste blog sobre o tema. Bem-vindos ao "mundo novo"....ele não é o país das maravilhas.